O GAP do orgasmo e o que precisamos aprender sobre ele

Você já viveu isso na pele. Ter um encontro com um homem - que pode ser seu marido, namorado ou um parceiro casual - está animada, com a libido lá em cima e, naquela hora do popularmente conhecido “vamos ver”, você não vê nada. Se você ainda não percebeu, sim, estamos falando do orgasmo. Melhor ainda, estamos falando da falta dele. Você pode até pensar que o assunto é banal mas ele tem até nome: chamamos de "o gap do orgasmo". 

O Gap do orgasmo se refere ao fato que, geralmente, nos encontros sexuais heterossexuais os homens têm mais orgasmo do que as mulheres. E eu sei que você deve ler essa informação pensando: eu tenho certeza que isso é verdade. Mas, temos dados que comprovam essa máxima. Uma pesquisa realizada com 3.000 mulheres e homens solteiros nos EUA entre 18 a 65 anos mostra que, ao ter relações sexuais com um parceiro, as mulheres disseram ter um orgasmo 63% do tempo e os homens deram 85%.

E por que isso acontece? Existem alguns motivos sendo levantados e discutidos sobre a equação orgasmo e gênero.

  1. Sexo lésbico versus heterossexual: Mulheres lésbicas têm mais orgasmos que mulheres heterossexuais.
  1. Quando a mulher se masturba ela também tem muito mais orgasmos do que quando estão com um parceiro. 

E por que, nesses dois casos, isso acontece? Acho que conseguimos chegar em um denominador comum: não há um pênis na relação. Mas é simples assim, a culpa é só dele?

A lacuna do orgasmo não tem um culpado e, sim, é um problema totalmente cultural.

Nossa sociedade ainda acredita que sexo envolve apenas penetração, muitas vezes não considerando o clitóris, órgão feminino responsável pelo nosso prazer. Pouco se fala e se aprende sobre ele ainda hoje.

Para zerar a lacuna do orgasmo, mulheres e homens precisam entender que o clitóris é a chave para os orgasmos femininos. A maioria de nós necessita de estimulação do órgão para alcançar o orgasmo e, além do conhecimento, é preciso colocá-lo em prática. Na maioria das relações heterossexuais a ideia de que ambos terão orgasmos na penetração acaba ganhando protagonismo. Para mudar isso, precisamos manter a estimulação do clitóris em igualdade. 

Aliás, falando em aprendizado, quando voltamos nossos olhos para a educação sexual esbarramos em outro problema: não somos ensinados sobre prazer e muito menos como descobrir o próprio e comunicá-lo para o outro.

Se não sabemos nem o que queremos, como iremos falar abertamente sobre o assunto? O que, para nós mulheres, se torna um grande problema pois, a comunicação sexual é parte importante para o orgasmo feminino. Nós precisamos nos abrir para termos mais auto consciência do nosso corpo. Saber o que acelera ou freia sua libido trará essa evolução para o sexo também.

Outro ponto que podemos considerar, também ligado ao contexto cultural, são os problemas de autoimagem que muitas de nós carregamos, resultado de uma vida inteira de regras e padrões estéticos extremamente irreais e, na maioria das vezes, inalcançáveis. 

Nem precisamos colocar na conta todo o stress e ansiedade da vida moderna. E no que isso influencia? Em muitos aspectos! Afinal, precisamos de muita atenção plena e uma entrega mais completa para nossas sensações e a relação presente. 

Aprender sobre o prazer sexual permite que comunique seus desejos para os outros, o que diminui a probabilidade de reações indesejadas ou anuladas para o lado feminino. Outro ponto que precisa mudar está ligado à educação sexual que precisa ser menos ligada para métodos que promovem a abstinência e mais sobre a conexão com o nosso prazer. 

O hiato do orgasmo ainda é grande, mas precisamos criar pontes para que esse espaço diminua. Afinal, “No More Fake Orgasms” para todas nós.


Fonte: Psy e The Conversation

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